SÓCRATES, PLATÃO, A EDUCAÇÃO E OS SOFISTAS
Apesar de nunca unificada internamente, a antiga Hélade se agrupava no enfrentar de inimigos comuns. Assim se deu na Guerra contra a Pérsia, famosa pela batalha das Termópolis e o épica dos 300 de Esparta.
Liderados por Leônidas, um dos reis espartanos (Esparta tinha dois reis), 300 espartanos detiveram o numeroso exército persa na passagem de Termópolis, dando tempo para que a Grécia se agrupasse e vencesse a guerra contra aquela grande potência. A guerra contra a Pérsia, no entanto, trouxe o seu preço. Se de um lado o império Persa fora rechaçada, do outro, as colônias da Ásia foram praticamente perdidas.
Não se sabe muito sobre a origem dos Sofistas, mas é por volta dessa época que os mesmos apareceram. Alguns chegam a dizer que tinham a sua origem em aristocratas que, tendo suas terras perdidas para os persas, se refugiaram sem posses em Atenas. Outros sustentam que são nobres que perderam suas terras devido a dívidas. Seja lá como for, os Sofistas, sem dúvida, eram oriundos de uma classe que tinha acesso à Educação na Antiga Grécia; o que só se dava nas classes mais favorecidas.
Além do aparecimento dos Sofistas, outro fenômeno começou a surgir no mundo grego. Trabalhadores livres (Principalmente comerciantes) e escravos libertos começavam a sua ascensão financeira. Apesar de possuírem posses, eram grandemente prejudicados devido ao fato de não dominarem a oratória, e conhecimentos mínimos para conseguirem exercer os seus Direitos em assembléia
Atenas permitia que qualquer cidadão (homem, com mais de 30 anos, casado, pagador de impostos), pudesse participar de assembléias destinadas ao discutir e aprovar Leis que regiam toda a Cidade. Apesar da participação na Eclésia (Assembléia) ser livre, o sucesso de quem propunha dependia da capacidade de convencimento dos seus participantes, sendo crucial as habilidades com a oratória (Arte de falar), a retórica (arte de se tornar eloqüente) e a dialética (arte do uso de perguntas e respostas).
Assim, se de um lado haviam homens de saber sem riqueza, do outro haviam homens de riqueza sem saber. Aparecia, assim, um rico "mercado" de venda do saber destinado aos "novos ricos" desejosos de exercer o poder político nessa novo cenário grego.
Desse modo, os sofistas, possuidores dessas habilidades, educados, mas sem posses, unem-se à classe dos recém ricos, mas sem possibilidade de exercício político pela falta de habilidades, em proveito multo. Um transmitindo as habilidades e conhecimentos e os outros, em troca, fornecendo régias recompensas financeiras aos que pudessem fazê-lo.
Regidos pelo "mercado", os Sofistas viam a educação como um negócio, cujo objetivo era fornecer aos seus clientes os conhecimentos necessários ao convencimento dos seus pares em assembléia. Para eles, a Educação, ao contrário do ideal da Paidéia, não se constituía na formação integral do ser humano, mas somente no necessário ao uso prático do exercício do conhecimento aos interesses dos seus clientes.
Sem nenhum vínculo com moral ou verdade, além da transmissão do conhecimento, os sofistas também escreviam discursos destinados a defesa de idéias, sob pagamento; não importando que idéia fosse.
Se de um lado, o exercício do poder pelos "novos ricos" fomentou a riqueza em Atenas; tornando-a uma das mais poderosas Cidade-Estado da antiga Hélade, do outro trouxe resultados funestos.
Após a guerra contra os persas, duas grandes ligas se formaram: A Liga do Peloponeso, cuja Esparta era a principal cidade, e a Liga de Dédalo, liderada por Atenas.
Fomentado pelos interesses comerciais dos "novos ricos"; o comércio foi incentivado. Novos navios foram construídos para transporte de mercadorias entre as cidades e suas outras colônias. Atenas conheceu a sua era magna. O crescimento de Atenas e os interesses da época, jogaram as duas grandes ligas em uma guerra que durou quase 30 anos; chamada de Guerra do Peloponeso; onde Esparta e Atenas guerrearam pela supremacia do mundo grego; sendo Atenas, finalmente, derrotada por volta do final dos anos 400 AC.
Sócrates viveu nessa mesma época. Contemporâneo de Péricles, o ateniense Sócrates era filho de um escultor com uma parteira (Talvez daí se considerasse como parteiro de idéias). Não pertencendo à aristocracia, Sócrates foi autodidata; participando da Guerra do Peloponeso, viu sua cidade ser subjugada sob a tirania espartana, o qual só se liberta mais tarde com a ajuda de Tebas.
Sócrates atribui a entrada e a perda da guerra contra Esparta à decadência moral ateniense, que tomada pela falta de compromisso para com o bem comum, do egoísmo e da demagogia reinante nas assembléias, teria entrado equivocadamente na guerra que não poderia vencer. Assim, de certa forma, a ruína de Atenas, para Sócrates, se devia aos Sofistas.
Sócrates, como sempre dizia, julgava-se não como possuidor da Verdade (Só sei que nada sei). Criticava pesadamente os sofistas, pois acreditava que a Verdade não podia ser vendida, já que era inerente a todo o homem.
Sócrates acreditava que o conhecimento (Ou Verdade) deveria estar acessível a todo o homem; sendo dever de todos a sua procura; bem como o ajudar aos outros na procura da mesma. Dessa forma, em Sócrates, o ideal da Paidéia, formação integral do ser humano, e da Polis, espaço-tempo-cultural para partilha do conhecimento à procura da Verdade, dava-se em maestria. É nesse sentido que se entende a maieutica (Ajuda que se dá ao homem para a descoberta da verdade; atuando-se como parteiro) e da dialética (ajuda através da investigação se a idéia apresentada não tem falhas; permitindo que ela seja re-expressa, muitas vezes pelo próprio emissor, até que corresponda à Verdade).
Assim, para Sócrates, a Educação, que se dava dentro da Polis, era o meio pelo qual o homem, interagindo com os seu iguais, ajudava e era ajudado, e a Polis prosseguia na busca conjunta pelo conhecimento (ou Verdade); sendo esta a base (Conhecer a Verdade) para a verdadeira felicidade e bem estar do homem. Dessa feita, para Sócrates, a Educação, que se dava na Polis, tinha o sentido de desenvolver o potencial humano para que pudesse, por si só, encontrar a Verdade, sendo a Polis ponto de começo, meio no sentido de ser pelo intermédio, e fim.
As idéias de Sócrates influenciaram Platão, seu discípulo dileto. Para Platão, a Educação é um instrumento de libertação, no sentido de que, quando liberto dos grilhões dos sentidos, e da opinião, o homem ultrapassa o mundo sensível (Aquele que vemos) e da opinião, para o mundo das idéias, chegando à essência da Verdade, sendo assim capaz de dirigir o seu próprio destino e orientar os outros na caminhada. No entanto, para Platão, nem todo o homem consegue trilhar esse caminho. Somente ao filósofo é dado essa capacidade. Assim, para Platão, o ideal da Educação se dá na formação do Filosofo.
Dessa feita, para os sofistas, a educação é apenas a transmissão dos conhecimentos e habilidades destinados ao convencimento das assembléias (Principalmente a retórica, a eloqüência e a dialética). Para Sócrates; a visão limitada dos sofistas de educação jogou Atenas na guerra e na ruína.
Sócrates combate essa visão limitada e as atividades dos Sofistas. Para Sócrates, a Educação é objetivo e finalidade da Polis. É através da Educação que o homem obtém os meios para encontrar a Verdade por si só; sendo a todo homem dado chegar à Ela, já que a mesma esta dentro do homem (Conhece a ti mesmo ganha um outro sentido).
Para Sócrates a Educação é o meio pelo qual o Homem se torna Filosofo e chega até a Verdade, condição para que este Homem alcance a Felicidade.
Para Platão, a Educação é sobretudo instrumento de justiça (Dar a cada um a educação que lhe é própria), de liberdade (Instrumento para tirar do homem os grilhões da ignorância e assim se libertar do mundo sensível) e de transformação político-social (Construção de sua utopia, descrita em A República).
https://pt.wikipedia.org/wiki/Sócrates
http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/opombo/hfe/protagoras2/links/apol_soc.htm