O NOME DA ROSA E O CONHECIMENTO QUE ELA TRAZ

Por: João H. L. Ferreira.

              Enquanto pesquisava para fazer o meu trabalho de faculdade, proposto pela professora Estrella Bohadana, Doutora em Filosofia, do por que Umberto Eco ter intitulado “O Nome da Rosa” para o seu romance, que virou filme com o mesmo título;  me deparei, em minhas andanças pela Internet, uma artigo (Para quem quiser: http://pt.wikipedia.org/wiki/Umberto_Eco), onde dizia que, além de filósofo, lingüista e escritor; Umberto Eco era um dos raros especialistas em semiótica (Ciência que estuda o significado da produção humana); bem como que, o mesmo sustentava a tese de que, a chave para o decifrar do significado de qualquer código, necessário se fazia o uso da estrutura rizomática como chave de comparação.

 

            Ao ler o artigo, meu coração deu um pulo. Não precisa dizer que, como curioso, e disperso que sou, deixei de lado imediatamente o que estava fazendo para tentar entender o que era estrutura rizomática.

 

            Na insana procura do rizoma; em cada clique de mouse, a minha mente estalava. Nela, eu fantasiava que Eco havia descoberto a chave para o entendimento do Universo, da Bíblia, do DNA Humano, dos códigos criptografados (E devo dizer, tudo isso, talvez, seja verdade). Começava a imaginar todo o conhecimento do mundo em minhas mãos....

 

            Por fim, descobri que Rizoma é uma estrutura similar à das moléculas orgânicas, onde as ligações entre as partes se dão de maneira não hierárquica; de onde de “A” pode-se ir para “B” ou para mais outros mil lugares; podendo-se percorrer as ligações em várias direções diferentes. Então, na minha mente, fez-se a idéia de que, para se entender o significado das coisas, uma única esfera de conhecimento humano (Física, química, matemática, história, filosofia, teologia, etc....) não era o suficiente. Seria necessária a utilização de várias esferas ao mesmo tempo; sem o qual o significado das coisas nos escapa como um todo. Nesse ponto, senti pena dos seres humanos como eu, que imerso em suas especialidades, podiam estar deixando de entender o significado das coisas em sua totalidade.

 

            Após esse desfecho, parei para pensar que, talvez, isso se dê pelo fato de que o cérebro utiliza o rizoma em suas atividades. Ao se obter um novo conhecimento, o cérebro o associa a vários conhecimentos antigos; de tal forma que a sua recuperação pode-se dar por mais de um caminho. Quando uma pessoa sofre um derrame, onde parte do cérebro é danificada, o que a impede de utilizar determinados caminhos preferenciais para mover os membros, o próprio cérebro explora e cria outros caminhos, destinados a mover os membros sobre os quais se perdeu o controle ou acessar as memórias que se perderam; como em um rizoma.

 

            Uma vez perdi um formulário. Procurei por vários lugares sem encontrá-la. Estava quase desistindo quando senti um cheiro forte de café, vindo da copa do serviço. Naquele momento me lembrei que, da ultima vez que estive segurando o formulário nas mãos, eu estava tomando café. Fui até a maquina de café, apanhei um cafezinho e refiz o caminho até onde tinha segurado o formulário pela ultima vez, com uma folha de papel simbolizando o mesmo. Parei diante da mesa, com a folha de papel. O telefone tocou. Lembrei então que o telefone tocara também naquela vez. Atendi ao telefone. Coloquei o café em cima da mesa, sentei na cadeira. Eu havia lembrado que era isso que eu fiz. Falei com a pessoa no telefone e desliguei. Lembrei que, naquele dia, ao atender ao telefone, eu tive que anotar um recado. Fiz que deixaria o papel perto da impressora para anotar o recado; e lá estava o formulário; bem onde o deixara....Isso realmente dava indícios da importância do rizoma, pois o conhecimento de onde deixei o formulário era acessado pelas informações do café, do andar e do som do telefone e do anotar do recado. Um ponto para Umberto Eco....

 

Vontar